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Presidente e diretoria do Sindeducação expulsam professores da assembleia geral da categoria!

Esta é uma carta/relato de uma das professoras que foram expulsas da assembleia geral da categoria ocorrida no dia 6 de março. E foram mais de 50 profissionais expulsos.

"Será que o direito é uma bobagem?.."

Com muita vontade de exercer ainda mais minha cidadania, ouvindo e discutindo com meus colegas de profissão assuntos relacionados à nossa categoria, no dia 06 de março pela manhã, fui à sede do SINDEDUCAÇÂO - Sindicato dos Profissionais do Magistério do Ensino Público Municipal de São Luís - com a intenção de participar de uma Assembléia convocada pela entidade. Chegando lá, havia uma funcionária entregando aos professores, mediante apresentação do contracheque, dois cartões nas cores verde e vermelha, os quais garantiriam o direito a voto nas decisões propostas.Tentando ficar mais esclarecida sobre essa condição estabelecida, perguntei à funcionária se os professores não sindicalizados poderiam receber os cartões. Mas, antes mesmo que ela iniciasse a resposta, apareceu um homem que, sem se apresentar nem mesmo saber quem eu era, começou a gritar em alto e desagradável som que não iriam votar nem subir para sala de reuniões "pessoas" que não eram associadas. Dirigi-me a esse homem - sobre quem depois me informei que se tratava de um professor aposentado - e disse a ele que era professora da rede municipal e, portanto, teria direito sim de participar da assembléia. Ele, então, exibindo mais fúria ainda, dizia que não iria permitir que bagunceiros subissem para tumultuar o evento. Sentindo-me desrespeitada explícita e publicamente, tentei argumentar, expor minha condição se não de sindicalizada, mas de profissional da educação que buscava informações que me diziam respeito sim, e, quem sabe, até encontrar finalmente motivos para me sindicalizar.

Percebendo que eu e outros colegas na mesma condição permanecíamos no recinto, a presidente do Sindicato reforçou o que havia sido dito aos berros pelo seu colega aposentado, alegando que grupos de "pessoas" tinham o propósito de tumultuar a reunião, reafirmando o desrespeito mais uma vez e, sem nenhuma polidez, tentando nos colocar à margem daquele evento. O todo-poderoso "professor" recebeu o microfone da presidente e pôs em votação a nossa retirada da sala. Nesse momento um professor fez uma contraproposta pedindo a nossa permanência ainda que sem direito a voto e a voz. A votação se fez e a maioria aprovou a retirada dos profissionais não sindicalizados.


O dito "professor", gritando, sendo apoiado pela direção e aplaudido pelos colegas, deu os seus pulinhos, feliz e agradecido pelo apoio. A presidente do Sindeducação e todos os diretores presentes naquela assembleia passaram por cima do próprio estatuto do sindicato, Artigo 2°, Parágrafo Único que diz: O Sindicato dos Profissionais do Magistério do Ensino Público Municipal de São Luís ­SINDEDUCAÇÃO/SL adota como parâmetro de sua atuação o conceito de "Sindicato Cidadão': entendendo que sua atividade visa direitos concretos de cidadania dos integrantes da categoria que representa e também de toda a sociedade. Entende-se por Cidadania. as condições dignas de vida, garantias individuais e coletivas, direito e liberdade de organização política e sindical, direito de pensamento, opinião e expressão.

O que mais me indignou não foi apenas a atitude desvairada e autoritária de um "professor" apoiado pela direção sindical, foi também a posição ativa e passiva dos colegas do magistério que ali se encontravam. Ativa porque levantaram os seus cartões verdes apoiando o encaminhamento para retirar da assembléia os seus colegas de profissão, e passiva porque não se deram ao trabalho de refletir que, mesmo nas possíveis divergências de idéias e opiniões, devem existir diálogos nos quais todos possam ser ouvidos e que o caminho mais adequado é o que aponta para uma democracia. Aquele momento era importante para todos. As verdades absolutas que foram bradadas por supostas autoridades antes de serem ditas já são falhas, pois não existem verdades absolutas, muito menos vindas de pessoas com visível descontrole emocional e comprovada falta de ética profissional.

Diante do exposto, o que pensar de uma entidade a qual, dentre outras coisas, deveria ter como ponto de partida a busca pelo respeito às pessoas,' pela prática contínua de educação, de civilidade e de tolerância, mas que apresenta como recepcionista um "leão de chácara" possesso, evidenciando uma autoridade ridícula e ao mesmo tempo frágil, já que ele não faz parte da direção do sindicato, mas teve total apoio na tentativa de humilhar os profissionais que ali estavam? A direção deveria fazer exatamente o contrário, ou seja, buscar uma política integradora entre os profissionais, garantindo os nossos muitos direitos que são atropelados diariamente.

Colegas professores, somos uma elite pensante, portanto reflexiva. Temos muito o que combater, carregamos pesados fardos; um deles é o desprestígio social e econômico que a nossa profissão vem sofrendo nos últimos tempos. O momento pede união.

Se essas atitudes persistirem e nada acontecer, corremos o risco de que elas deixem de causar indignação, uma vez que passarão a ser corriqueiras. Fui violentamente agredida junto com outros professores. Exijo retratação do Sindeducação, não só como cidadã, mas principalmente como profissional, pois afirmo e comprovo ser uma educadora ética competente e de boa conduta, o que se evidencia nos 18 anos que leciono nas redes estadual e municipal de São Luís.



Conceição de Maria Almeida Moscoso (Professora de Arte)
cc.moscoso@hotmail.com

Casos como esse devem nos fazer refletir: Nas mãos de quem estamos colocando as decisões de nossa carreira? Devo me afastar ou participar mais ainda?

Não esqueçamos que lutamos para que essa assembleia ocorresse, fizemos um abaixo assinado solicitando a convocação da mesma e convidamos a categoria para participar.

Nós, da OPOSIÇÃO/Sindeducação, desejamos que todos participem cada vez mais, e de forma mais ativa e consciente, das decisões relevantes às nossas carreiras.

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