Pular para o conteúdo principal

Nota sobre a ruptura de quatro militantes do ex-C.A.C. com o PSTU do Maranhão


O processo de fusão do ex- CAC (Coletivo de Ação Comunista), ex-PSOL, com o PSTU do Maranhão durante o ano de 2011 foi marcado por um longo processo de debates no interior de nossa organização. Ficamos orgulhosos por isso, em ter militantes históricos da esquerda maranhense cerrando nossas fileiras, mas sobretudo pela forma como se deu a fusão, uma prova viva de que nosso Partido não é um simples aglomerado de lutadores, mas uma organização de revolucionários principistas e dedicados a construção do socialismo.
Todos os documentos referentes a forma de organização e funcionamento de nosso Partido foi  disponibilizada aos companheiros, debates calorosos foram travados, confusões foram desfeitas, diferenças dirimidas ou intensificadas, tudo no mais amplo processo de democracia interna(algo que os companheiros nunca tiveram quando militavam no PSOL), e ao final vários militantes definiram sua entrada no Partido. Passados nove meses, recebemos com pesar a carta de rompimento de 04 militantes.
Na verdade, tínhamos muita esperança de que os companheiros permaneceriam conosco e uma convicção: a de que queríamos continuar mantendo a honestidade em torno do debate  e militando juntos, assim como no movimento sindical, o que já vínhamos fazendo há tempos, de maneira muito honesta e camarada. No entanto, salta-nos os olhos a forma desqualificada e infantil com que os quatro companheiros romperam com nossa organização e a carta “borracha” que lançaram apagando todo o rico processo que passamos juntos, e que só serve aos interesses da direita.
O mais grave é que colocam em público questões que fazem parte da vida interna do nosso partido, expõe nossa organização ao veneno da burguesia oligárquica deste estado e deste país. Trata-se de um desrespeito irreparável para quem dizia está de acordo com a forma de organização do nosso partido.
Em seu texto afirmam que no PSTU “Após oito meses de coabitação, reivindicamos esse projeto revolucionário, mas não nos foi permitido”. Vale esclarecer que a direção do partido desde o início da fusão foi composta paritariamente por militantes antigos do PSTU e do ex-CAC, inclusive integrada por dois destes companheiros. Como não foi permitido, se poderiam participar ativamente de todos os encaminhamentos e debates? Debates estes dos quais se furtaram, pois nem quando da comunicação da decisão aceitaram ouvir, anunciaram, criticaram e se retiraram. Prova maior desta integração é que os outros membros do ex-CAC permanecem por entender que a construção do socialismo é a bandeira maior.
De fato é público e notório que a coligação majoritária do qual estamos participando no Pará, pois na proporcional a coligação é apenas com o PSOL, gerou polêmicas no interior de nossa organização em todo o território nacional e isso é só mais um motivo que reafirma a democracia interna existente em nosso partido, onde é permitida a discordância, mas a  nota explicativa da saída destes militantes, que, em sua maioria, muito pouco contribuíram ou participaram da vida cotidiana do Partido, optando sempre em manter-se na linha da crítica, como se ainda fossem externos ao Partido, está eivada, infelizmente, de algumas inverdades, pois a decisão de manter a coligação foi feita em amplo debate da direção nacional, a partir da decisão de Belém,  e em nenhum momento se cogitou que haveria desmoralização na revogação.
Outra falácia é a afirmação de que a coligação tem como objetivo primordial obter uma cadeira na Câmara Municipal, fato que foi clareado com a nota da direção nacional, podendo ser consultada no sitio do Partido, e nesta fica claro a diferença entre os Partidos e os objetivos, quais sejam, construir o partido e divulgar seu programa para o maior número de trabalhadores possível. Eleger ou não é fato secundário, apesar de entendermos importante ter um representante dos trabalhadores e comprometido com a lutas sociais no parlamento, até mesmo porque o PSTU já elegeu prefeito, vereadores, e se manteve revolucionário.
Mantemos nossa posição e reafirmamos que o PCdoB tem demonstrado ser inimigo da classe trabalhadora e dos oprimidos deste país. Exemplos, dentre outros e já citados pelos próprios companheiros, como a aprovação do Código Florestal que beneficia o agronegócio, a Lei da Copa e os recentes escândalos de corrupção no governo Dilma demonstram seu papel. Aqui no Maranhão manteremos o embate com este partido que já participou do governo Roseana Sarney e dirige o Sinproesemma, um dos principais exemplos de cooptação e burocratização sindical contra a própria categoria de professores.
Por fim, todos tem direito de escolher seus caminhos, mas não o de desrespeitar a história dos demais, e não se pode ser revolucionário, contribuir para o pensamento crítico e a luta de classes agindo desta forma. Espera-se que passado este momento de turbulência possam rever suas posições, pois conforme frase muito usada por um destes companheiros “ nas contradições é que se cresce”.

                                                                                                                             São Luís, 19 de julho de 2012
                                  
                                                                                              Direção Estadual do PSTU/MA

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Sinproesemma contrata banca de advogados que está envolvida em polêmica no Ceará

Precatórios do Fundef: entenda a polêmica do pagamento de honorários a advogados Professores que estiveram na ativa na rede pública estadual do Ceará entre agosto de 1998 e dezembro de 2006 têm direito a receber os valores referentes aos precatórios do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef) . Nesta terça-feira, ocorreu o pagamento da segunda parcela . Desde que o pagamento teve início , em fevereiro de 2023, uma questão sobre o tema gera controvérsias: o pagamento dos honorários advocatícios à banca de advogados contratada pelo Sindicato Apeoc, que representa os professores. O precatório é resultado de disputas judiciais movidas pelo Estado do Ceará para corrigir os cálculos e complementar os repasses federais pelo Fundef à educação estadual. Como 60% do valor do fundo tinha de ser destinado à remuneração dos profissionais do magistério, quem estava em atividade é beneficiado. São 50.248 professores que re...

Carta aos profissionais da educação

UMA GREVE ATÍPICA, UMA LIÇÃO HISTÓRICA: LUTAMOS E ESTAMOS ORGULHOSOS! Ousadia, resistência, apreensão e persistência são sentimentos e momentos que marcaram os dias de greve dos trabalhadores em educação do estado do Maranhão. Foi, sem dúvida, um grande aprendizado, porque foi uma grande luta. Aprendemos nesse movimento quem são os verdadeiros aliados da classe trabalhadora, aprendemos também quem são os seus grandes inimigos. Fomos atacados por todos os lados no front dessa batalha em defesa de nossos direitos e de uma educação pública e de qualidade. Tal como o príncipe de Maquiavel a governadora Roseana Sarney tentava mostrar que “os fins justificam os meios”, para isso impunha o terror nas escolas, ameaçava cortar o ponto dos grevistas, até de exoneração fomos ameaçados. É verdade que em alguns momentos sentimo-nos pequenos ao ver um governo oligarca e sedento de poder abocanhando a direção do nosso sindicato, que nada faz pela sua categoria, e de entidades estudantis, q...

Conheça a Carta do desespero.

MRP(OU MOSEP,...) E A GREVE ELEITORAL Por Odair José* Falar dos problemas internos de determinada categoria é quase sempre muito ruim para os seus membros, por isso a economia nas palavras dos diretores do SINPROESEMMA em certos momentos do desenvolvimento das lutas dos professores do nosso Estado. Mas, tem momentos que não é permitido ficar calado. Nos últimos dias, temos visto um grupo de professores “dissidentes” comandando o que seria um levante contra o acordo feito pelo sindicato com o governo, referendado pela maioria da categoria, pelo qual a categoria tem um reajuste momentâneo que, adicionado ao feito no início do ano, ainda pelo Governo anterior, soma 15,97%. Vendo apenas o momento, a fotografia, um observador desavisado poderia pensar que estamos tratando somente de um erro tático desses trabalhadores, continuar tencionando, inclusive através da greve, para tentar retirar do governo um pouco mais de 3% - uma vez que o pleito inicial foi 19,2% - colocand...