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DIRETORIA DO SINPROESEMMA NEGOCIA COM O GOVERNO ROSEANA E MAIS UMA VEZ ABANDONA A CATEGORIA

Durante os 78 dias em que os corajosos e valorosos educadores do Maranhão permaneceram em greve, evidenciou-se a força de um movimento que não sucumbiu frente às pressões, ameaças e violência de todas as formas praticadas pelo governo. Para cada ação autoritária e reacionária disparada pelos algozes do Estado, os educadores reagiam com cantos, palavras, movimentos e lágrimas de quem aprendeu a sonhar e a lutar pelas causas da justiça. A energia dessas mulheres e homens que ousaram enfrentar o império da calúnia e da farsa veio da consciência de classe forjada no meio da luta. E foi assim que, nesses dias, as sombras foram sendo substituídas pelos vales da esperança, ao ver o gigante acuado por gritos de indignação de quem perdeu o medo de sonhar para fora. No entanto, parte desse sonho quebrou-se ao tocar a triste realidade presente nas ações espúrias da direção do Sinproesemma (PCdoB/PT), que, mais uma vez, fez a opção pela defesa dos seus negócios políticos e particulares em detrimento dos interesses de toda uma categoria.

Desde o início da greve, a direção do Sinproesemma (PCdoB/PT) criou uma série de obstáculos para que a luta dos trabalhadores não ganhasse a força necessária de enfrentamento político com o governo Roseana (PMDB/PT). Durante as assembleias os professores passaram a cobrar da direção uma ação mais contundente, e a viabilização das condições materiais necessárias para o movimento grevista. Outdoors, panfletos, notas na televisão e rádio e assistência financeira para os municípios, foram aprovados nas plenárias, no entanto, nada disso foi levado a termo. Em decorrência dessas atitudes, parte dos professores voltou para as salas de aulas, ao mesmo tempo em que a categoria passou a exigir, nas assembleias, a prestação de contas do sindicato. Esses questionamentos feitos pela base fizeram com que os diretores Júlio Guterres (secretário de imprensa) e Janice Nery (secretária geral) defendessem o final da greve na plenária do dia 18 de abril no auditório da FECOMERCIO. Foi a partir daí que os professores grevistas, revoltados com a manobra da direção do sindicato para acabar com a greve sem uma proposta acordada com trabalhadores, deliberaram pela radicalização do movimento, o que culminou com a ocupação da SEDUC e, posteriormente, do Palácio dos Leões, fato esse que veio renovar as forças grevistas na capital, as quais se somavam à luta dos bravos colegas nos demais municípios.

            A partir dessas ações, o governo foi obrigado a abrir um processo de negociação com os trabalhadores e, ao mesmo tempo, o movimento foi fazendo outras incursões, que resultaram na manifestação da OAB e do Ministério Público: o promotor de educação, por exemplo, comprometeu-se em mediar um acordo entre as partes, levando em consideração o cumprimento imediato da Lei do Piso.

Nesse contexto em que o movimento dos educadores foi ganhando força e novos aliados, a direção do Sinproesemma (PCdoB/PT) resolveu, às escondidas, negociar com o governo o final da greve. Os diretores do sindicato passaram a defender na mesa de negociação uma proposta que não incluía os pontos definidos pela categoria como necessários para a suspensão do movimento, enviando ao governo um ofício que abriu mão do reajuste salarial imediato e, por fim, passaram a reunir com representantes governamentais, sem a presença da comissão de negociação eleita pela base.          

No entanto, o golpe mais covarde desferido pela direção do Sinproesemma (PCdoB/PT) contra a categoria, aconteceu durante a assembleia geral do domingo (15/05), em que depois de verem sua proposta de suspensão da greve, ter sido derrotada pelo voto direto, resolveram suspender a assembleia e não divulgar o resultado da votação, desrespeitando a decisão de centenas de trabalhadores da capital e dos municípios que deliberaram, democraticamente, pela continuidade do movimento. Dois dias depois (17/05), decretarem o final da greve, alegando que as assembleias regionais tinham optado pelo encerramento da greve. Aqui se evidencia a irresponsabilidade dos diretores do SINPROESEMMA, que rasgaram o estatuto do sindicato, na medida em que não cumpriram com o que determina o artigo 22, que trata da convocação e instalação das assembleias ordinárias e extraordinárias. Para que estas supostas assembleias ocorressem era necessário lançar seus editais de convocação na base da categoria, com antecedência mínima de 5 dias e todos nós sabemos que isto não aconteceu.

A decisão da diretoria do Sinproesemma (PCdoB/PT) em acabar com a greve da educação está diretamente relacionada aos interesses políticos/eleitoreiros de parte de seus membros, que viram no movimento apenas um palanque eleitoral para as próximas eleições. Da mesma forma, vale ressaltar que o segmento da direção do Sinproesemma filiado ao PCdoB apoiou o governo Roseana nos seus dois primeiros mandatos e, não por acaso, o vice-presidente do sindicato e presidente do diretório municipal do PT em São Luis ocupa hoje o cargo de secretário adjunto de educação. Portanto, foram esses os verdadeiros interesses que motivaram a direção do SINPROESEMMA a decidir pela suspensão do movimento paredista, subordinando-se a uma proposta apresentada pelo governo que não representa nenhum avanço para a garantia de direitos dos educadores do Maranhão.

Por outro lado, não devemos nos abater frente a atitudes de uma direção sindical que se profissionalizou dentro da entidade, que se encontra há mais de dez anos fora da sala de aula, desconhecendo, portanto, nossos percalços. Nossa luta deve superar essas questões na medida em que passamos a ter a consciência de que “aqueles que não se movimentam não podem sentir o peso das correntes que os aprisionam”.


Comentários

Emanuelle disse…
Estamos diante de uma injustiça tão clara como o Sol que ilumina esta terra, cujo povo, ao longo dos anos de cabresto é obrigado a curvar-se diante de mais um governo "DEMO-crático", quando isso mudará?.

A favor da luta por seus direitos, contudo, preocupado com amigos que tiveram seus contra-cheques zerados! Muita covardia! São pais e mães de família! Passarão fome? É assim que esse governo negocia?

Diante de um gigante sem compaixão nem sabedoria para cuidar dos seus.

Onde está o pequeno Davi? Professores eles estão nas salas de aula! Vós sois seus mestres! Cabe a vós, caros amigos, encorajá-los à luta contra tantas injustiças.

Por favor professores, libertem nossos jovens dos grilhões ideológicos que promovem a manutenção das injustiças sociais.

Cabe aos milhares de alunos, grande maioria de votos, a maior parte da responsabilidade. Sem a consciência coletiva deles, a mudança nunca acontecerá!

Que a humilhação proposta por autoridades do governo a vós, sirva de motivação em sala de aula!

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